O texto presente em seguida viu a sua publicação no Jornal Desefesa da Beira negada pelo seu director .
-------------------------------------------------------------------------------------------
Gostaria de partilhar convosco, caros leitores, algumas reflexões breves sobre o tema que dá o título a este artigo.
Desde há algum tempo, duma forma progressiva, que tem vindo a ser difundido um projecto de criação de um denominado “Museu Salazar”. A ser instalado em Santa Comba Dão. Alguém, muito provavelmente os seus promotores, tem encontrado eco na comunicação social nacional. Mas também na regional. Face às reacções da opinião pública o planeado museu foi, significativamente, rebaptizado de «Museu do Estado Novo».
Este projecto é, desde logo, caracterizado como uma “mais valia” e uma “âncora” para o desenvolvimento do concelho. Será?
Este projectado “Museu” é, depois, apresentado como algo que seria “devido” pelos seus concidadãos ou pelo município de origem ao ditador. Mas não é notório e indesmentível que Salazar foi tão responsável pela opressão, miséria e atraso de Santa Comba Dão como o foi do resto do País?
Esta iniciativa é, ainda, anunciada como académica. Mas não será que, queiram ou não os seus promotores, defensores e apoiantes, este projecto, objectivamente, visa o revivalismo, o excursionismo e a propaganda do fascismo? Seria como se na Alemanha surgisse um Museu de Hitler.
Este “Museu” é, finalmente, apontado quase como a salvação para o atraso do concelho. Não há outras prioridades?
E já agora algumas questões mais práticas.
O executivo camarário de Santa Comba Dão alega a todo o momento dificuldades financeiras. Vem agora falar num investimento que diz ser de mais de 5 milhões de euros. De onde vem o dinheiro?
Qual o espólio deste futuro “Museu”? A cama? O pincel da barba? Meia dúzia de manuscritos? Que se saiba todo o acervo documental de Salazar está na Torre do Tombo. Disponível, como é óbvio, para consulta e estudo de quem o quiser fazer.
E com que cobertura legal e a que título vai receber Rui Salazar de Lucena e Mello um lugar remunerado, vitalício, numa futura sociedade, no montante anual de 24 mil euros? Ou seja, dois mil euros por mês. Quantas pessoas em Santa Comba Dão auferem deste vencimento? E como vai ser com os outros herdeiros, que representam os dois terços restantes?
Para terminar só uma breve nota de memória histórica.
Convém não esquecer que Salazar, durante anos a fio, despachava semanalmente com o director da polícia política, a PIDE. Nenhum ministro se podia gabar de ser recebido com tal periodicidade!
Nessas reuniões discutiam-se as perseguições, as prisões, as torturas, as condenações, os assassinatos daqueles que ousavam defender os direitos do povo, protestar, lutar pela liberdade e por melhores condições de vida e de trabalho.
Santa Comba Dão merece mais, muito mais, do que ficar no mapa “turístico” de saudosistas duma ideologia repudiada e condenada pela história.
Documentação Autárquica |
Escrituras |
Escritura Doação Espólio |
Escritura Doação Terrenos |
Escritura Compra e Venda Prédios Rústicos e Urbanos |
Reuniões de Câmara |
27 de Fevereiro de 2007 (Extacto da Acta) |
13 de Março de 2007 (Extracto da Acta) |
. Estão recolhidas 16.000 a...
. Fascismo e neofascismo na...
. Inspecção Geral da Admini...
. Não ao Museu
. Links Antifascistas