Segunda-feira, 19 de Fevereiro de 2007

Há muito, muito tempo...

“Há muito, muito tempo...”. Assim se começa a maioria das estórias que se conta às crianças antes de elas irem dormir. Falam de tempos quase imemoriáveis, de tempos onde a criança ainda não era nascida. Falam normalmente de modos de vida e de um dia-a-dia completamente desconhecido para o pequeno infante que escuta. Relatam normalmente, estas estórias, feitos corajosos e heróicos ou lindas paixões.

O que vos quero contar não é uma estória mas sim um pedaço da História. Da História recente do nosso país. Pois... talvez não tão recente. É de um período no qual eu ainda não era nascido, pelo que podemos começar da mesma forma:

«Há muito, muito tempo um pequeno País à beira mar esticado tinha um Senhor que comandava todos os seus desígnios. Assim como um Rei, mas sem ser Rei. António de seu nome, este “Governante” tinha uma imagem de um país em que todos seriam felizes e sem preocupação.

«Nesta sua contenda idealizou um lindo País de “Conto de Fadas”. Cada camponês com a sua casinha de pedra. Cada operário com a sua casinha de tijolinho. Cada doutor com o seu palacinho no cimo da colina.

«E aqui é que este lindo País começou a ir no caminho errado. Pois os palácios eram cada vez mais e maiores, e as casinhas de pedra e tijolinho começaram a ser de madeira e chapas de zinco. Foi aqui que o “feliz” povo se começou a revoltar.

«O Senhor António, homem de muita benevolência, dizem alguns hoje – vejam lá que morreu tão pobrezinho, sentia-se incomodado com todos os protestos por parte daqueles que amanhavam a terra, daqueles que moldavam o vidro, daqueles que forjavam o aço... Assim, e sem perceber o que tanto reclamava e protestava aquela boa gente que até a sorte tinha de ter tudo quanto precisava para levar uma vidinha com dignidade (muito pouco, diga-se), manda reunir os seus melhores guardas do palácio para que estes, a qualquer custo, se dêem conta do que se está a passar no seu lindo país.

«Esses melhores guardas assim o fizeram: Construíram campos de concentração, prenderam indiscriminadamente, torturaram, mataram... Mas por cada um que vergavam, dois se levantava para dar combate à tirania e à opressão que sobre todo o povo se abatia. A PIDE tinha carta branca para todas as atrocidades.

«O Sr. António, esse, morreu. Caiu duma cadeira, dizem, e acabou por morrer. Mas o que deixou foi uma coisa monstruosa. A PIDE continuou a matar e torturar todos aqueles que a única coisa que ansiavam era poder substituir a cobertura de zinco da sua casinha por um lindo telhado vermelho. Continuou a matar e torturar aqueles que só queriam ter algum (pouco) dinheiro para mandar os filhos para a escola, para que um dia soubesses ler e não fossem enganados como eles o eram constantemente.

«Aquilo que o Sr. António deixou para trás foi o medo, a opressão, a violência, o terror, a pobreza, o analfabetismo... Uma pequena casinha de branco com um quintal é muito bonita, mas só num mundo de fantasia.

Há muito, muito tempo homens lutaram, alguns pagaram o mais alto preço, para derrubar um regime que se sustentava com a opressão e usurpação aos mais fracos. Pegaram em armas e marcharam sobre a capital desse País. Deitaram abaixo um regime podre de velho.

Há muito, muito tempo fomos por momentos livres e donos do nosso destino. Por momentos... Até as velhas forças se tornarem a organizar e começarem pedaço a pedaço a tentar reaver o que o povo de direito conquistou. Mas isto é outra estória.

Espero tão só que este pedaço de História tenha servido para levantar um pouquinho o véu sobre o Sr. António de Oliveira Salazar e sobre os seus procedimentos para com o povo deste país. Espero que aqueles para quem, como eu, o fascismo foi há muito, muito tempo se sintam curiosos em de facto entender o mal que o regime desse Senhor fez a este país e aos seus cidadãos.

Espero que os jovens de Santa Comba se insurjam e gritem a plenos pulmões que não querem ver o nome da sua terra a ser associado ao museu-altar que alguns pretendem construir a este agora anunciado Homem-Santo.

Fascismo Nunca Mais!

 

publicado por Mário Lobo às 15:00
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