Sexta-feira, 7 de Novembro de 2008

Portugal em Directo

sinto-me:
publicado por Mário Lobo às 15:18
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Domingo, 4 de Novembro de 2007

Estão recolhidas 16.000 assinaturas contra o ”Museu Salazar”

      
Segunda-feira, Dia 5 de Novembro a Petição será entregue na Assembleia da República
 
URAP – União de Resistentes Antifascistas Portugueses
   
   
 Comunicado
 
1. O Núcleo de Viseu – Santa Comba Dão da URAP torna público que até hoje, 30 de Outubro de 2007, estão entregues nos serviços centrais da União dos Resistentes Antifascistas Portugueses 16.000 assinaturas contra a concretização do chamado “Museu Salazar”, em Santa Comba Dão, que eufemisticamente foi rebaptizado de “Centro Documental Museu e Parque Temático do Estado Novo”.
 
2. O Núcleo de Viseu – Santa Comba Dão da URAP informa que uma delegação integrada pelos 5 primeiros subscritores e de que faz parte Aurélio Santos, Coordenador do Conselho Directivo da URAP, irá entregar na próxima segunda-feira, dia 5 de Novembro, ao Senhor Presidente da Assembleia da República, Doutor Jaime Gama, esta Petição.
 
3. A audiência terá lugar pelas 16h00m. No final será feita pela Comissão Directiva da URAP uma comunicação pública. Convidamos a Comunicação Social a estar presente.
 
4. O Núcleo de Viseu – Santa Comba Dão da URAP leva ao conhecimento da opinião pública que, entre as 16.000 assinaturas já recolhidas, contam-se muitos cidadãos justamente reconhecidos pela sua intervenção social e política. De entre eles relembram-se os 50 nomes (lista anexa) tornados públicos a 24.04.2007.
 
5. Durante este fim-de-semana esta lista será actualizada e serão revelados mais nomes.
 
Viseu, 30 de Outubro de 2007
 
 
O Núcleo de Viseu – Santa Comba Dão da URAP

Lista de 50 subscritores da Petição contra a concretização do “Museu Salazar”
 
(anexa ao Comunicado da URAP de 24.04.07)
    
Os primeiros subscritores da petição contra a concretização do “Museu Salazar” são:
• Alberto Andrade – Santa Comba Dão
• António Vilarigues – Penalva do Castelo
• João Carlos Gralheiro – S. Pedro do Sul
• Mário Lobo – Mortágua
• Aurélio Santos, coordenador do Conselho Directivo da URAP.
 
E ainda na primeira folha, entre muitos lutadores antifascistas daquela região, está também a assinatura de
• Lousã Henriques, médico, de Coimbra
• Jaime Gralheiro, advogado, de Viseu.
 
Outros subscritores:
• Ana Teresa Vicente – Presidente da Câmara Municipal de Palmela
• António Borga – jornalista
• António Serzedelo – editor de rádio
• Aristides Valente – Presidente da Junta de Freguesia de Almeida
• Augusto Pólvora – Presidente da Câmara Municipal de Sesimbra
• Carlos Mendes – cantor
• Dias Lourenço – resistente antifascista
• Dulce Pontes – cantora
• Eduarda Dionísio – escritora;
• Fausto Neves – músico
• Fernanda Lapa – actriz
• Filipe Rosas
• Francisco Alen Gomes – médico
• Francisco Santos – Presidente da Câmara Municipal de Beja
• Frederico de Carvalho – investigador
• Gabriela Tsukamoto – Presidente da Câmara Municipal de Nisa
• Georgete Ferreira – resistente antifascista
• Isabel do Carmo – médica
• Jerónimo de Sousa – Secretário-Geral do PCP
• João Arsénio Nunes – professor universitário
• João Botelho – realizador
• Jorge Silva Melo – editor
• José Duarte – músico
• José Ernesto Cartaxo – Membro da Comissão Executiva da CGTP-IN.
• José Godinho – Presidente da Câmara Municipal de Aljustrel
• José Manuel Mendes – escritor
• Manuel Carvalho da Silva – Secretário-Geral da CGTP-IN
• Manuel Coelho – Presidente da Câmara Municipal de Sines
• Manuel Gusmão – professor universitário
• Manuel Villaverde Cabral – professor universitário
• Manuela Cruzeiro – professora universitária
• Margarida Tengarrinha – resistente antifascista
• Maria Barroso
• Maria das Dores Meira – Presidente da Câmara Municipal de Setúbal
• Mário Jacques – encenador
• Mário Nogueira – Secretário-Geral da FENPROF
• Mário Tomé – militar de Abril
• Mesquita Machado – Presidente da Câmara Municipal de Braga
• Pinto Sá – Presidente da Câmara Municipal de Montemor-o-Novo
• Sofia Ferreira – resistente antifascista
• Urbano Tavares Rodrigues – escritor
• Vasco Lourenço – militar de Abril

Vítor Alves – militar de Abril

   

publicado por António Vilarigues às 12:48
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Quarta-feira, 11 de Julho de 2007

Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT) responde à URAP a propósito do “museu” Salazar

1.      O núcleo de Viseu-Santa Comba Dão da URAP torna público que recebeu uma resposta à participação contra a Câmara Municipal de Santa Comba Dão entregue no passado dia 7 de Maio de 2007 na Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT).

 

2.      Nela a IGAT informa que foram solicitados esclarecimentos à Câmara Municipal de Santa Comba Dão. Tal facto vem dar ainda mais razão à participação da URAP. Bem como às preocupações e dúvidas de parte cada vez mais significativa da população do concelho.

 

3.      Os elementos apresentados na análise exaustiva de todo o processo relativa às decisões da Câmara sobre o inicialmente denominado "Museu Salazar", depois "Museu do Estado Novo", e, mais recentemente, eufemisticamente rebaptizado "Centro Documental Museu e Parque Temático do Estado Novo" foram considerados suficientemente válidos para justificar o andamento da participação.

 

4.      Recorda-se que a participação da URAP ao IGAT considerava existirem indícios bastantes de que o Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão pretende avançar com um projecto que não tem suporte nas deliberações efectivamente tomadas no exercício dos órgãos autárquicos (ou até as contraria).

 

5.      Por outro lado, há dados que apontam para que o projecto do Museu Salazar constitui uma operação financeira altamente desvantajosa para o município e por conseguinte, para os contribuintes portugueses. Nomeadamente a pensão vitalícia de 2000 Euros mês, actualizáveis todos os anos, paga ao sobrinho neto de Salazar, em troca da «doação» duns «tarecos» que pertenceram ao ditador fascista e pouco mais, e sem qualquer aprovação dos Órgãos do Poder Municipal nesse sentido.

 

6.      No nosso entender confirma-se assim que o projecto do “Museu Salazar” está, cada vez mais, confrontado com a constatação da respectiva ilegalidade. Mas sobretudo com a resistência da opinião pública democrática a esse objectivo, inaceitável, de edificar um “santuário” do regime fascista, deposto em 25 de Abril de 1974.

 

7.      Reafirmamos que é tempo de a Câmara Municipal arrepiar caminho. Santa Comba Dão merece melhor. É possível e desejável outro caminho para o desenvolvimento desta terra.

 

Santa Comba Dão, 10 de Julho de 2007

O Núcleo de Viseu-Santa Comba Dão da

União de Resistentes Antifascistas Portugueses URAP

 

publicado por António Vilarigues às 14:15
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Terça-feira, 15 de Maio de 2007

URAP - União de Resistentes Antifascistas Portugueses

Comunicado


1 . A Comissão Directiva da URAP torna público que foi entregue esta semana na Inspecção Geral da Administração do Território (IGAT) uma participação contra a Câmara Municipal de Santa Comba Dão.


2 . Dessa queixa consta uma análise exaustiva de todo o processo  relativa às decisões da Câmara sobre o inicialmente denominado "Museu Salazar", depois "Museu do Estado Novo", e, mais recentemente, eufemisticamente rebaptizado "Centro Documental Museu e Parque Temático do Estado Novo".


3. No entender da URAP, há indícios suficientes de que a Câmara Municipal de Santa Comba Dão pretende avançar com um projecto que não tem suporte nas  deliberações efectivamente tomadas no exercício dos orgãos autárquicos (ou até as contraria). Por outro lado o projecto do Museu Salazar constitui  uma operação financeira altamente desvantajosa para o município e por conseguinte, para os contribuintes portugueses, nomeadamente a pensão vitalícia de 2000 Euros mês paga ao sobrinho neto de Salazar, em troca da «doação» duns «tarecos» que pertenceram ao ditador fascista e pouco mais, e sem qualquer aprovação da Assembleia Municipal nesse sentido.


4. Como diz o nosso povo "o que nasce torto tarde ou nunca se endireita". Confirma-se que o projecto do "Museu Salazar" nasceu em confronto com a Constituição da República e a Lei, está eivado de ilegalidades no próprio processo de decisão  municipal e está cada vez mais confrontado com a constatação da respectiva ilegalidade.


5. E sobretudo o Museu Salazar está confrontado com a resistência crescente da opinião pública democrática ao objectivo inaceitável de edificar e concretizar  um "santuário" do criminoso regime fascista, deposto em 25 de Abril de 1974.

 


Pel’ O Conselho Directivo da URAP
Aurélio Santos
2007-05-08
publicado por António Vilarigues às 09:58
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Quarta-feira, 2 de Maio de 2007

Nota do Núcleo de Viseu-Santa Comba Dão da União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP)

É indispensável a proibição da anunciada "Concentração em defesa do Museu Salazar", no Próximo dia 28 de Abril em Santa Comba Dão


Nota do Núcleo de Viseu-Santa Comba Dão da
União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP)


1. Dispõe o preâmbulo da Constituição da República que "A 25 de Abril o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista. Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de uma viragem histórica da sociedade portuguesa."

A mesma Constituição, no seu Artigo 46º, nº 4, afirma que "não são consentidas organizações que perfilhem a ideologia fascista".

2.  A lei 64/78 define-as como as que " (...) mostrem (...) pretender difundir ou difundir efectivamente os valores, os princípios, os expoentes, as instituições e os métodos característicos dos regimes fascistas (...), nomeadamente (...) o corporativismo ou a exaltação das personalidades mais representativas daqueles regimes (...)", proibindo-lhes o exercício de toda e qualquer actividade. A Lei é clara e inequívoca no seu espírito e na sua letra. Portugal é um Estado democrático de direito.

3. O núcleo de Viseu-Santa Comba Dão da URAP não pode deixar de repudiar vivamente a posição expressa pelo Presidente da Câmara de Santa Comba Dão a propósito da referida concentração.

 

Eximindo-se a tomar posição no sentido da proibição desta manifestação, promovida por um grupelho que assume a propaganda da ideologia fascista e se propõe fazer uma homenagem ao ditador Salazar e uma manifestação-romagem à sua campa, o engenheiro João Lourenço torna-se conivente na tentativa de mistificar um acto presumivelmente criminoso de desrespeito e afrontamento à Constituição (que jurou defender e respeitar) e a uma Lei da República, numa questão de bom ou mau comportamento na via pública.

4. A URAP de Viseu-Santa Comba Dão alerta, uma vez mais, o povo do Concelho - que já demonstrou maioritariamente as suas profundas convicções democráticas - que o projecto do Engº João Lourenço e da sua maioria na Câmara de construir a «Casa-Museu Salazar», não só é inconstitucional e ilegal e está condenado ao fracasso, como está já a transformar esta cidade em destino de todas as excursões e iniciativas de propaganda nazi-fascista, dos cabeças rapadas e outros bandos criminosos, envolvidos no apelo ao ódio e na violência racista.

 

É Tempo de arrepiar caminho. Santa Comba Dão merece melhor.

É possível e desejável outro caminho para o desenvolvimento desta terra.
 
5. O núcleo de Viseu-Santa Comba Dão da URAP exige das autoridades que não se demitam das suas funções.

Exigimos a imediata proibição desta concentração que é manifestamente ilegal. E reclamamos a tomada de todas as medidas conducentes ao respeito pleno da legalidade democrática.

 

Santa Comba Dão, 23 de Abril de 2007

O Núcleo de Viseu Santa Comba Dão da
União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP)

publicado por António Vilarigues às 12:07
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Haja Memória!!!

Há jornalistas, comentadores e analistas que não resistem à insustentável tentação de comparar os executantes da política fascista, que durante 48 anos oprimiu a nossa Pátria, com aqueles que lhe resistiram. Em particular os comunistas. É um paralelo inqualificável. Equipara-se o resistente ao opressor. O torturador à sua vítima. O carcereiro ao preso. O homicida ao assassinado.

Que analogia pode ser feita entre (por ordem cronológica de 1931 a 1974) Armando Ramos, Aurélio Dias, Américo Gomes, Manuel Vieira Tomé, Júlio Pinto, Ferreira de Abreu, Manuel Pestana Garcez, José Lopes, Manuel Salgueiro Valente, Augusto Almeida Martins, António Mano Fernandes, Rui Ricardo da Silva, Francisco Esteves, Américo Lourenço Nunes, Francisco dos Reis Gomes, Francisco Ferreira Marques, Germano Vidigal, Joaquim Correia, José Patuleia, António Lopes de Almeida, Militão Bessa Ribeiro, José Moreira, Venceslau Ferreira, Gervásio da Costa, Joaquim Lemos Oliveira, Manuel da Silva Júnior, Raul Alves, Manuel Agostinho Góis, Luís António Firmino, Herculano Augusto, Daniel Teixeira, todos mortos à pancada ou em consequência das torturas durante os “interrogatórios” e os agentes da PIDE que os assassinaram?

Que comparação entre Branco, Alfredo Ruas, Carlos Ferreira Soares, Rosa Morgado e os seus filhos, António, Júlio e Constantina, Alfredo Dinis, Alfredo Dias Lima, Catarina Eufémia, José Centeio, José Adelino dos Santos, Cândido Martins Capilé, José Dias Coelho, António Graciano Adângio, Francisco Madeira, Estêvão Giro, Agostinho Fineza, Francisco Brito, David Almeida Reis, General Humberto Delgado e a sua secretária Arajaryr Campos, José Ribeiro Santos, Fernando Carvalho Gesteira, José James Barneto, Fernando Barreiros dos Reis e José Guilherme Rego Arruda todos assassinados a tiro (os quatro últimos no próprio dia 25 de Abril de 1974) e os homicidas que puxaram pelo gatilho?

Que paralelo entre Augusto Costa, Rafael Tobias Pinto da Silva, Francisco Domingues Quintas, Francisco Manuel Pereira, Pedro Matos Filipe, de Almada, Cândido Alves Barja, Abílio Augusto Belchior, Arnaldo Simões Januário, Alfredo Caldeira, Fernando Alcobia, Jaime Fonseca de Sousa, Albino Coelho, Mário Castelhano, Jacinto Faria Vilaça, Casimiro Ferreira, Albino de Carvalho, António Guedes Oliveira e Silva, Ernesto José Ribeiro, José Lopes Dinis, Henrique Domingues Fernandes, Bento António Gonçalves, secretário-geral do P. C. P., Damásio Martins Pereira, António de Jesus Branco, Paulo José Dias, Joaquim Montes, José Manuel Alves dos Reis, Francisco do Nascimento Gomes, Edmundo Gonçalves, Manuel Augusto da Costa, Artur de Oliveira, Joaquim Marreiros, mortos no Campo de Concentração do Tarrafal, vítimas das febres e dos maus-tratos e os seus carcereiros?

E muitos e muitos outros (ver detalhes em http://salazarices.blogs.sapo.pt/ e www.contraofascismo.net).

Operários, camponeses, estudantes, intelectuais, militares que deram a sua vida para que houvesse liberdade e democracia em Portugal. Honra e glória aos seus nomes.

E não citamos as dezenas de milhares de presos políticos, alguns com mais de 20 anos de prisão. Os clandestinos e exilados. Os desertores e refractários durante a guerra colonial. Os mais de 10 mil mortos e 25 mil deficientes vítimas da aventura africana de Salazar e Caetano.

É caso para dizer a todos esses jornalistas, comentadores e analistas que haja vergonha. E HAJA MEMÓRIA!


Artigo publicado na edição de 2007/04/05 do "JORNAL DO CENTRO"

publicado por António Vilarigues às 11:53
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Sábado, 21 de Abril de 2007

MUSEU SALAZAR: AS FALÁCIAS

Dizem os livros que falácia consiste em partir de uma afirmação falsa, intencionalmente, e, a partir dela, pretender retirar conclusões verdadeiras.

Museu
A primeira falácia de alguns analistas e comentadores tem a ver com a intenção atribuída à URAP (União de Resistentes Antifascistas Portugueses) de ser contra qualquer Museu sobre Salazar. Basta ler o que consta das posições publicamente assumidas (
www.contraofascismo.net; http://salazarices.blogs.sapo.pt) para se percepcionar que nada de mais falso.

Pessoas que viveram na própria pele, ou na dos seus familiares e amigos, a repressão, a clandestinidade, o exílio, as prisões, as torturas. Pessoas que coabitaram com o dia a dia do fascismo em todas as suas vertentes são (e têm-no sido) as primeiras interessadas numa análise histórica e científica desses 48 anos. Afirmar o contrário só por ignorância, má fé ou desonestidade intelectual.

Santuário
Argumentam os promotores e defensores do Museu Salazar que não se trata de construir um «santuário» ou uma casa evocativa para honrar e homenagear Salazar. Sustentam que o que pretendem é um verdadeiro «centro de estudos» desse período da história de Portugal. Um museu «neutro», com  «enquadramento» e «caução científica». Que garanta uma abordagem de Salazar não apologética mas crítica. Mostrando o que ele «fez de bom» e também «o que fez de mau».
O povo costuma dizer que «a melhor prova do pudim é comê-lo». A prova de que a realidade se sobrepõe a bonitas «declarações de intenção» sobre aquilo que o Museu poderia ou deveria vir a ser, é aquilo em que ele já se tornou. A prática comprovou que o simples expressar público de uma opinião contrária ao referido projecto bastou para despertar os saudosistas e os defensores de uma ideologia condenada pela história: o fascismo.

A prova de que se trata dum projecto que os fascistas sabem que lhes pertence, objectivamente, foi a mobilização dos neofascistas da «Frente Nacional» para Santa Comba Dão. Para, instrumentalizando sentimentos obscurantistas, dar corpo a uma tentativa de boicote duma normalíssima «Sessão Pública». Com tentativas de agressão, saudações hitlerianas, vivas a Salazar e à ditadura fascista, gritos de «fora os comunistas» e «vão para a Rússia» que aconteceram na arruaça. Sem que Autarcas e responsáveis do PSD tirassem o sorriso dos lábios enquanto se passeavam na contra manifestação. Sem nada fazerem para contrariar insultos e ameaças, ou evitar as tentativas de agressão.

Cientificidade
Em nenhum momento a Câmara de Santa Comba Dão assumiu que o que quer construir possa ser um espaço museológico, ou um «centro de estudos», sobre o que de facto seria «objectivo» e «científico». Isto é, sobre o regime fascista, de ditadura, opressão e colonialismo. Bem como sobre os sentimentos profundos e a longa resistência do povo português à ditadura criminosa de que Salazar foi o principal responsável e o principal criminoso.

E não o fez, por um lado porque obviamente não se revê nos princípios constitucionais (e cientificamente aceitáveis) a este respeito. Por outro, porque toda a conjuntura e o quadro de valores em que assenta o projecto, excluem radicalmente essa possibilidade.

A conjuntura é a da família, dos objectos pessoais, da casa, das terras, da rua, da aldeia, da paisagem, da árvore, do banco, do carro, da Escola, do cemitério e da campa de Salazar. Os valores são o de «filho ilustre da terra», «o que fez de bom», «o que as pessoas querem ver». Estes são naturalmente valores de identificação claramente positiva e apologética, que excluem drasticamente qualquer abordagem objectiva do regime fascista de Salazar, naquela situação. Acresce que, para quem não sabe, a Lei 64/78 está em vigor.

Naquele espaço, conjuntura e quadro de valores sobreleva um peso «genético» brutal do salazarismo e/ou apologético de Salazar, que exclui que qualquer intervenção, mesmo que exterior à Câmara, possa tornar o museu num instituto científico e objectivo.

Internacional
Esclareça-se que o quadro internacional a este respeito não é favorável à abertura de santuários fascistas. Ao contrário do que têm procurado fazer crer os apoiantes do museu e apesar do ressurgimento da extrema-direita na Europa. Em Espanha discute-se o encerramento do Vale dos Caídos, que foi construído pelos prisioneiros Republicanos durante o Franquismo, e têm sido apeadas estátuas e símbolos do fascismo. Na Alemanha a tentativa de reconstruir a casa de campo de Hitler na Baviera foi liminarmente recusada para não se tornar um santuário nazi.

O tacho
Do ponto de vista de Santa Comba Dão, ao contrário do que também dizem os apoiantes do museu, este projecto não teria qualquer impacto sensível no desenvolvimento do concelho. Talvez dois ou três postos de trabalho directos e é tudo. Quanto ao resto, o que é real é que obriga o orçamento municipal, por decisão da Câmara (
http://salazarices.blogs.sapo.pt), a pagar ao sobrinho de Salazar uma renda vitalícia, actualizável, de dois mil euros mensais. Mais de trezentos e cinquenta mil euros em dez anos. Nada mau para uma «doação» de um pincel da barba, uns selos, embalagens de restaurador Olex e mais uns quantos objectos pessoais do ditador. Rico tacho! Santa Comba Dão merece seguramente melhor!

Artigo publicado na edição de 2007/03/19 do jornal "Público" 


publicado por António Vilarigues às 11:31
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Domingo, 11 de Março de 2007

Museu Salazar: Os equívocos

Os acontecimentos em torno da “Sessão Pública de Afirmação dos Ideais Antifascistas”, realizada no passado dia 3 de Março em Santa Comba Dão merecem algumas reflexões.

Da parte dos organizadores, a União de Resistentes Antifascistas Portugueses (URAP), representou o reafirmar publicamente a sua oposição ao projectado “Museu Salazar”. Intervieram oradores do distrito de Viseu (Alberto Andrade, João Carlos Gralheiro, António Vilarigues e Jaime Gralheiro), de Coimbra (Lousã Henriques) e o Coordenador do Conselho Directivo da URAP (Aurélio Santos). Transmitiram às cerca de três centenas de assistentes as suas opiniões. Mas também as experiências de vida sob a ditadura fascista. Fundamentaram, do ponto de vista jurídico, as suas posições.

Pelo lado dos jornalistas foi revelador verificar que alguns estavam presentes apenas para registar incidentes, caso os houvesse. Confrontos físicos, de preferência, seriam bem vindos. Quanto às fundamentações mais profundas só mesmo por obrigação de ofício. Felizmente também houve quem, com isenção, fornecesse um retrato sem distorções da realidade.

Merece destaque pela negativa, e pelos piores motivos, o director do jornal “Defesa da Beira”, Ludgero Figueiredo Matos. Durante três horas encabeçou os manifestantes que se opunham à realização da sessão. Provocou e insultou os organizadores e os presentes. Incitou à violência. Mesmo colegas de profissão de outros órgãos de comunicação social foram vilipendiados por este senhor. Que se mostrou indigno da carteira profissional que ostenta.

Quanto aos defensores do “Museu Salazar” juntaram-se numa contra manifestação ilegal duzentas pessoas (pouco mais de 2% da população do concelho, sublinhe-se). Destacaram-se umas duas dezenas de exaltados, do tipo arruaceiro. Na companhia de alguns conhecidos dirigentes nacionais de organizações neofascistas. Neste clima só a serenidade dos participantes na sessão, que nunca responderam às provocações e aos insultos, bem como a presença da GNR, evitou os confrontos físicos.

A prática comprovou que o Presidente da Câmara Municipal de Santa Comba Dão estava equivocado. O simples expressar público de uma opinião contrária ao referido projecto bastou para despertar os saudosistas e os defensores de uma ideologia condenada pela história: o fascismo.

Aliás a actuação de elementos da vereação (do PSD) durante este evento é, no mínimo, estranha. Passearam-se ostensivamente na zona envolvente e nada fizeram para serenar os ânimos mais exaltados. O que significa tal procedimento? Creio que os visados deveriam esclarecê-lo publicamente. A bem da democracia, a bem dos apoiantes do seu partido e a bem da própria direcção nacional do PSD.

Apenas uma nota final. Esta “Sessão Pública de Afirmação dos Ideais Antifascistas” jamais seria possível, sem pesadas consequências para os seus participantes, durante a governação do ditador Salazar.

Recorde-se, a título de exemplo, que Sérgio Vilarigues, natural deste distrito de Viseu, foi preso em 1934, aos 19 anos de idade, quando colava uns pequenos cartazes, apelando à libertação de um jovem comunista preso pela então PVDE (futura PIDE). Condenado por este “crime” a 23 meses de prisão, nos seis anos seguintes correu as cadeias do Aljube, Peniche e Angra do Heroísmo. Foi enviado para o Tarrafal em 1936, fazendo parte da primeira leva de presos, quando já tinha terminado a pena. Só viria a ser libertado em Julho de 1940. E porque foi “amnistiado”. Salazar sabia!

Artigo publicado na edição de 2007/03/09 do "JORNAL DO CENTRO",

publicado por António Vilarigues às 11:05
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Segunda-feira, 19 de Fevereiro de 2007

Museu Salazar: Certezas, dúvidas e perguntas

O texto presente em seguida viu a sua publicação no Jornal Desefesa da Beira negada pelo seu director .

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Gostaria de partilhar convosco, caros leitores, algumas reflexões breves sobre o tema que dá o título a este artigo.

 

Desde há algum tempo, duma forma progressiva, que tem vindo a ser difundido um projecto de criação de um denominado “Museu Salazar”. A ser instalado em Santa Comba Dão. Alguém, muito provavelmente os seus promotores, tem encontrado eco na comunicação social nacional. Mas também na regional. Face às reacções da opinião pública o planeado museu foi, significativamente, rebaptizado de «Museu do Estado Novo».

 

Este projecto é, desde logo, caracterizado como uma “mais valia” e uma “âncora” para o desenvolvimento do concelho. Será?

 

Este projectado “Museu” é, depois, apresentado como algo que seria “devido” pelos seus concidadãos ou pelo município de origem ao ditador. Mas não é notório e indesmentível que Salazar foi tão responsável pela opressão, miséria e atraso de Santa Comba Dão como o foi do resto do País?

 

Esta iniciativa é, ainda, anunciada como académica. Mas não será que, queiram ou não os seus promotores, defensores e apoiantes, este projecto, objectivamente, visa o revivalismo, o excursionismo e a propaganda do fascismo? Seria como se na Alemanha surgisse um Museu de Hitler.

 

Este “Museu” é, finalmente, apontado quase como a salvação para o atraso do concelho. Não há outras prioridades?

 

E já agora algumas questões mais práticas.

 

O executivo camarário de Santa Comba Dão alega a todo o momento dificuldades financeiras. Vem agora falar num investimento que diz ser de mais de 5 milhões de euros. De onde vem o dinheiro?

 

Qual o espólio deste futuro “Museu”? A cama? O pincel da barba? Meia dúzia de manuscritos? Que se saiba todo o acervo documental de Salazar está na Torre do Tombo. Disponível, como é óbvio, para consulta e estudo de quem o quiser fazer.

 

E com que cobertura legal e a que título vai receber Rui Salazar de Lucena e Mello um lugar remunerado, vitalício, numa futura sociedade, no montante anual de 24 mil euros? Ou seja, dois mil euros por mês. Quantas pessoas em Santa Comba Dão auferem deste vencimento? E como vai ser com os outros herdeiros, que representam os dois terços restantes?

 

Para terminar só uma breve nota de memória histórica.

 

Convém não esquecer que Salazar, durante anos a fio, despachava semanalmente com o director da polícia política, a PIDE. Nenhum ministro se podia gabar de ser recebido com tal periodicidade!

 

Nessas reuniões discutiam-se as perseguições, as prisões, as torturas, as condenações, os assassinatos daqueles que ousavam defender os direitos do povo, protestar, lutar pela liberdade e por melhores condições de vida e de trabalho.

 

Santa Comba Dão merece mais, muito mais, do que ficar no mapa “turístico” de saudosistas duma ideologia repudiada e condenada pela história.

publicado por Alberto Andrade às 15:08
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Há muito, muito tempo...

“Há muito, muito tempo...”. Assim se começa a maioria das estórias que se conta às crianças antes de elas irem dormir. Falam de tempos quase imemoriáveis, de tempos onde a criança ainda não era nascida. Falam normalmente de modos de vida e de um dia-a-dia completamente desconhecido para o pequeno infante que escuta. Relatam normalmente, estas estórias, feitos corajosos e heróicos ou lindas paixões.

O que vos quero contar não é uma estória mas sim um pedaço da História. Da História recente do nosso país. Pois... talvez não tão recente. É de um período no qual eu ainda não era nascido, pelo que podemos começar da mesma forma:

«Há muito, muito tempo um pequeno País à beira mar esticado tinha um Senhor que comandava todos os seus desígnios. Assim como um Rei, mas sem ser Rei. António de seu nome, este “Governante” tinha uma imagem de um país em que todos seriam felizes e sem preocupação.

«Nesta sua contenda idealizou um lindo País de “Conto de Fadas”. Cada camponês com a sua casinha de pedra. Cada operário com a sua casinha de tijolinho. Cada doutor com o seu palacinho no cimo da colina.

«E aqui é que este lindo País começou a ir no caminho errado. Pois os palácios eram cada vez mais e maiores, e as casinhas de pedra e tijolinho começaram a ser de madeira e chapas de zinco. Foi aqui que o “feliz” povo se começou a revoltar.

«O Senhor António, homem de muita benevolência, dizem alguns hoje – vejam lá que morreu tão pobrezinho, sentia-se incomodado com todos os protestos por parte daqueles que amanhavam a terra, daqueles que moldavam o vidro, daqueles que forjavam o aço... Assim, e sem perceber o que tanto reclamava e protestava aquela boa gente que até a sorte tinha de ter tudo quanto precisava para levar uma vidinha com dignidade (muito pouco, diga-se), manda reunir os seus melhores guardas do palácio para que estes, a qualquer custo, se dêem conta do que se está a passar no seu lindo país.

«Esses melhores guardas assim o fizeram: Construíram campos de concentração, prenderam indiscriminadamente, torturaram, mataram... Mas por cada um que vergavam, dois se levantava para dar combate à tirania e à opressão que sobre todo o povo se abatia. A PIDE tinha carta branca para todas as atrocidades.

«O Sr. António, esse, morreu. Caiu duma cadeira, dizem, e acabou por morrer. Mas o que deixou foi uma coisa monstruosa. A PIDE continuou a matar e torturar todos aqueles que a única coisa que ansiavam era poder substituir a cobertura de zinco da sua casinha por um lindo telhado vermelho. Continuou a matar e torturar aqueles que só queriam ter algum (pouco) dinheiro para mandar os filhos para a escola, para que um dia soubesses ler e não fossem enganados como eles o eram constantemente.

«Aquilo que o Sr. António deixou para trás foi o medo, a opressão, a violência, o terror, a pobreza, o analfabetismo... Uma pequena casinha de branco com um quintal é muito bonita, mas só num mundo de fantasia.

Há muito, muito tempo homens lutaram, alguns pagaram o mais alto preço, para derrubar um regime que se sustentava com a opressão e usurpação aos mais fracos. Pegaram em armas e marcharam sobre a capital desse País. Deitaram abaixo um regime podre de velho.

Há muito, muito tempo fomos por momentos livres e donos do nosso destino. Por momentos... Até as velhas forças se tornarem a organizar e começarem pedaço a pedaço a tentar reaver o que o povo de direito conquistou. Mas isto é outra estória.

Espero tão só que este pedaço de História tenha servido para levantar um pouquinho o véu sobre o Sr. António de Oliveira Salazar e sobre os seus procedimentos para com o povo deste país. Espero que aqueles para quem, como eu, o fascismo foi há muito, muito tempo se sintam curiosos em de facto entender o mal que o regime desse Senhor fez a este país e aos seus cidadãos.

Espero que os jovens de Santa Comba se insurjam e gritem a plenos pulmões que não querem ver o nome da sua terra a ser associado ao museu-altar que alguns pretendem construir a este agora anunciado Homem-Santo.

Fascismo Nunca Mais!

 

publicado por Mário Lobo às 15:00
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